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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

"Abandono" - Marília R. Alencar

Sou uma moça
Abandonada
Coração vazio
Na estrada
Todo este amor
Não importa
Eu não mereço
Teu valor
Pois tanto esforço
Para te agradar
Não é suficiente
Pra você me amar...

"Simplicidade" - Marília Rodrigues Alencar

Quero me sentar
Na beira da calçada
Como quando criança
Assim fazia...
Quero sentar
E olhar as estrelas
Enquanto as pessoas passam
E sorriem...
Quero conversar
Com a vizinhança
Almoçar pizza
Aos domingos...
Quero adormecer
De madrugada
Após apreciar
O nascer do sol...
Quero andar
De mãos dadas
Ouvindo o som
Das ondas do mar...
Quero sentar
No calçadão
Sentir seus braços
A me envolver
Sentir meu coração
Palpitar de emoção...
E ao voltar pra casa
Ficar juntinhos
Abraçados no sofá
Agarradinhos...
Quando a noite cair
Sentir a certeza
De que nosso amor
Nunca irá findar...

"Bem-te-vi II" - Marília Rodrigues Alencar

Bem-te-vi
A tua música
Ilumina e suaviza
Os meus ouvidos
O som do teu canto
É sinônimo
De alegria
Sinonímia ainda
De quão bela é
A natureza.
Se na vida
Não pudesse te ouvir
Seria como o céu
Sem a lua
Seria escuridão
Sem luz
Seria puro vazio
No coração
Mas enquanto
Tu estás por perto
Sei que vale à pena
Eu estar aqui
Sei que vale à pena
Ainda sorrir...

"Bem-te-vi" - Marilia Rodrigues Alencar

Não vá embora
Meu bem-te-vi
Deixe-me ouvir
O seu cantar
Deixe-me vê-lo
Sorrir
Deixe-me ver
Seu lindo olhar...
Como é belo
O seu voar
É a prova viva
Da natureza
É a prova viva
Do amor divino
Deixe-me sentir
A sua alegria
Quem sabe assim
Você me ajude
A levar pra longe
Toda essa tristeza
Quem sabe assim
Ao vê-lo feliz
Eu venha de novo
Voltar a sorrir...

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

FOFINHO MANHOSO - Marilia Alencar

Fofinho
Manhoso
Que falta
Você me faz.
Fico a lembrar
Do seu sorriso
Do seu cheiro
Do seu beijo.
Fico com seu jeito
Na minha mente
Jeito de manha
Fazendo-me sorrir.
Sonho acordada
Com nosso reencontro
Nosso abraço
Nosso chamego.
Volta logo
Para os meus braços
Para eu cobri-lo
De carinho e abraços.
E, ao final,
De todo amasso
Cair exausta
Dormir ao seu lado
E no novo dia
Ao acordar
Beijar sua boca
E recomeçar.

Discriminação ao paciente psiquiátrico - texto em prosa - Marilia Alencar

Discriminação ao paciente psiquiátrico

Tenho andado cansada do preconceito da sociedade ao doente mental. Em pleno século 21, a comunidade ainda não tem a quem recorrer ajuda quando se encontra com seus familiares em surto psiquiátrico.

Ainda se pensa duas vezes antes de se procurar um psiquiatra. Ainda se prefere deixar o doente mental em surto em casa, escondido da sociedade e não medicado a interná-lo em um hospital psiquiátrico.

Por que será? Será que nossos hospitais não apresentam condições de retirar o doente do surto? Ou é puro medo de se carregar para o resto da vida o rótulo de “doido” e de ser discriminado no seu emprego? Até quando as famílias vão preferir que seus doentes continuem doentes em suas casas a receberem o tratamento adequado?

Às vezes, quando o familiar finalmente compreende a importância da internação psiquiátrica, os quatro hospitais da área da cidade de Maceió, Alagoas se recusam a hospitalizar o doente (por falta de leito disponível ou por ser um usuário de álcool ou drogas ilícitas). Ou, ainda, a própria SAMU – Serviço de Atendimento Médico de Urgência recusa-se a ir buscar o paciente em seu domicílio dizendo não ser função do órgão. E de quem é esta função? A urgência médica não inclui a urgência psiquiátrica? A Psiquiatria não seria uma especialidade médica?

Sim. A Psiquiatria é e sempre continuará sendo uma especialidade médica. E como todas na Medicina, também há situações de urgência e emergência (como as tentativas de suicídio, quadros de agitação psicomotora e heteroagressividade, quadros de delirium, síndrome de abstinência do álcool ou outras drogas ilícitas).

O único problema é que o paciente psiquiátrico ainda é discriminado na sociedade. Por ele mesmo, por sua família, pela comunidade, e o pior, pela própria classe médica não psiquiátrica e pelo pessoal da área da saúde.


Maceió-AL, 16.01.2011.
Escrito por Marília Rodrigues Cavalcanti de Alencar Marinho – médica psiquiatra de Maceió – AL
mariliarcalencar@hotmail.com